segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Brasil - Natal - A nova ponte

Nordeste. Os planos para regressar, uma e outra vez, sucedem-se. Quem já aqui esteve sabe do que falo. Ano após ano somos seduzidos por novos oásis incorruptos. Lagoas de águas verdes, extensões de mata atlântica a perder de vista, saguins que cabem na palma da mão e uma costa marítima recortada com enseadas de águas azuis, recifes de coral e praias desertas. A norte, as dunas, empoleiradas na orla das praias, fazem lembrar pequenos vulcões plantados numa paisagem lunar. Aí, o sol afunda-se ao fim da tarde no meio de erupções de areia e do vento fustigante, vindo de norte, que altera a cada momento a frágil ondulação. A sul, golfinhos e tartarugas habitam enseadas protegidas. Indios resistem em aldeias de colmo. Projectos de reprodução de tartarugas e do manatim asseguram a biodiversidade de risco na região. E depois as praias, sedutoras, como as de Pipa, do Amor e do Moleque. Comum a todos, a paz e a tranquilidade por que esperámos todo o ano. Finalmente, aterramos. Depois dos rituais de alfândega apressamo-nos a entrar no carro com a noção de quem já perdeu demasiado tempo para chegar ao destino. Começa a chuviscar. Nos finais de Julho, as chuvas tropicais ainda marcam presença ao anoitecer, deixando no ar um cheiro a húmus e a terra molhada que me recordam os dias em África. O nosso destino fica para lá do rio Potengui, na margem do sossego e da gente boa, da tranquilidade, dos amigos queridos e das dunas que nos cativam com a sua lenta imensidão. Entro no carro, abro a janela, encosto a cabeça para trás e deixo-me guiar até à cidade. Em anos anteriores, tomámos o caminho longo que circunda a cidade do Natal mas, este ano, a novidade é a nova ponte sobre o rio Potengui. De uma hora de viagem, dizem que a distância, até Genipabú, ficou reduzida a uns meros vinte minutos. Pomo-nos a caminho. Os limítrofes da cidade têm a particularidade de todos os arrabaldes terceiro mundistas. Ao longo da estrada comércios modestos, improvisados em pequenas barracas de madeira, de aspecto tosco e desleixado, publicitam de tudo um pouco. Petiscos, frutas, reparações de automóveis e bicicletas, bate-chapas, pneus, mobiliário de madeiras exóticas, artesanato local. Aproveito para tirar umas fotografias a essa miscelânea desorganizada. Faz-se tarde. A população da cidade regressa a casa. Nas paragens de autocarro fazem-se filas e, apesar da intensidade da chuva, ninguém se apressa, ninguém se demove. Em breve a água escorre veloz pelas bermas da estrada e pelos rostos dos que esperam mais parecendo uma segunda pele. Avançamos pela Avenida Atlântica. Aí ficam localizados os hotéis mais conhecidos da cidade. Ao fundo, vejo do meu lado direito, o Forte dos Três Reis Magos. Permanece igual. Branco, com as suas cinco quinas. Incólume à passagem do tempo e ao fustigar das ondas. Ao anoitecer, fica envolto numa neblina que o faz parecer flutuar entre a névoa que se concentra entre a terra e o mar. Atravessamos, finalmente, a ponte nova rumo a Genipabú. Em poucos minutos entramos numa estrada sem iluminação que nos leva através de campos de cereais até ao nosso destino. A vila de Genipabú está localizada 30 quilómetros a norte da cidade do Natal. É, para nós, um dos melhores refúgios do Brasil.
Pousada "Villa do Sol"
Lá, encontrámos, há uns anos, a Pousada “Villa do Sol”. Casa de veraneio habilmente transformada em turismo de habitação. Refúgio ideal para aqueles que gostam das coisas boas e simples da vida. Chegámos ao nosso destino. O Lon e o João estavam à nossa espera. Sabe bem chegar e ficar com gente amiga.
**
Uma nota: Depois de uma longa ausência, estamos, definitivamente, de volta ao nosso blogue "Viagens pelo Mundo". A todos os que por aqui passam, um grande abraço. Sejam muito bem-vindos.
Fotogr:CRV (excepto vista aérea)

2 comentários:

João Pedro disse...

Muito bom, uma verdadeira profissional, tanto na escrita como nas fotografias. Continue assim, estarei sempre aqui a acompanhar as suas aventuras. Um grande beijinho

Paralelo Longe disse...

João Pedro,
Gostei imenso do comentário mas, principalmente, que tenhas tido paciência para ler o que escrevi. Este é um hobby como outro qualquer, uma brincadeira de fim de semana. Mas, confesso que sabe muito bem os amigos especiais passarem por aqui. Um grande beijo