domingo, 10 de julho de 2011

Brasil - O Farol do Cabo Branco

Da noite anterior ficou o zumbido frenético das cigarras que minavam os terrenos em redor da pousada. O cantar dos grilos, o coaxar das rãs, o barulho do mar, o roçar das palmeiras e a tranquilidade do luar que, imprudentemente, atiçava as giestas no descampado. A manhã nasceu clara. Céu limpo, mar azul, naquela conjugação tranquila que apazigua existências em falésias onde mais tarde repousa o sol. Da varanda consigo avistar o mar por entre as palmeiras. Calmo, a prometer um dia perfeito. A proposta é conjugar a história da região com as belezas naturais do Paraíba. Dividir o tempo entre os contornos do vento e as memórias de leituras feitas em casa, partindo rumo ao norte com o espírito do explorador que sopra as velas que irão iluminar terras desconhecidas. A estrada encontra-se quase deserta e a distância são uns meros quilómetros. Apesar do piso bem conservado, as bermas estão mal cuidadas, com giestas altas a estalarem com espigas. Cruzamo-nos com poucos carros e logo surgem casas escondidas num aglomerado de árvores frondosas constituindo o primeiro sinal que estaremos perto do nosso destino. Viro para uma estrada secundária e subimos uma estrada íngreme. À chegada não encontramos cruzes no alto concebidas para espantar demónios ou adivinhar os segredos do vento. Espantado sobre a falésia, apenas deparamos com um majestoso farol branco, em forma de sisal, colocado estratégicamente à entrada da capital do estado. Olhando em redor, avistamos uma língua de areia que alberga uma praia paradisíaca conhecida como Ponta de Seixas. Encontramo-nos, geograficamente, no ponto mais oriental da América do Sul.
  Ponta de Seixas
Fotogr: CRV©

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