domingo, 6 de novembro de 2011

Brasil - Cabedelo e o Rio Paraíba

Cabedelo - Praia Formosa
Descobri o lado mais tranquilo de João Pessoa, mais a norte, numa língua de areia, contornada por um mar azul turquesa, na confluência calma onde as águas do Rio Paraíba se fundem com o mar. A península, com 18 km de comprimento e 3 Km de largura, é urbanizada com casas de veraneio, jardins e um bairro de casas de madeira, de traça colonial, pintadas em tons garridos que percorrem uma paleta de cores alietória que vão do rosa ao amarelo, do verde ao azul petróleo, do encarnado vivo aos laranjas poentes. De nome Cabedelo, esta pequena península é circundada por um extenso areal, com quiosques à beira mar, petiscos saborosos, barcos de lazer, apinhados ao longo da margem, para todos os gostos e estilos e um porto de mar que serve as necessidades comerciais do estado. A poucos metros da linha da costa, uma cintura de recifes de coral e um por-do-sol, para lá das ilhas do rio, que aconchega os fins de tarde dos que se deslocam aqui para ver o entardecer, ao som do bolero de Ravel, nas esplanadas da Praia do Jacaré. No cais do Cabedelo, parte a balsa para Lucena, pequena comunidade que fica na outra margem da foz do rio. Fala-se da ponte que ainda não está. A ponte que promete juntar as duas margens e acabar com os 15 minutos da travessia que deliciam os turistas, mas que irá acabar com o isolamento dos locais, resolvendo a distância rodoviária de 50 Km, correspondente ao contorno da península. Apanho o barco. A bordo seguem guias improvisados. Moleques atrevidos, de cara sorridente, olhos vivos e cabelo travesso, tatuados na pele morena, do sol e das tradições, com ondas de sal branco. De hawaianas no pé, calção de banho herdado maior do que a perna, rapidamente começam a desbobinar a história do Rio Paraíba. Os índios ali, os colonos aqui, as capitanias e a cana do açucar, o comércio dos escravos, a barra, as guerras, os holandeses e o Forte de Santa Catarina. Localizado numa elevação arenosa, à medida que o barco se afasta surgem, na margem direita do rio, os contornos do Forte de Santa Catarina. Datado de 1586, o local corresponde à primeira capitania do Paraíba. Destruído e reconstruído nos anos seguintes a sua actual configuração poligonar, com dois bastiões e quatro vértices remonta aos finais do séc.17. Invadido por corsários, indígenas e holandeses, o seu nome honra Dona Catarina de Portugal, Duquesa de Bragança. A viagem até à outra margem é breve. Prosseguiremos para norte, mas antes faremos um pequeno desvio, até ao interior do estado.
Brasil - Paraíba - Cabedelo - Fortaleza de Santa Catarina

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