domingo, 27 de janeiro de 2013

Brasil - Tibau do Sul - Lagoa de Guaraíras

Lagoa de Guaraíras - daqui
CRV©
Para lá da vila, quando a encosta cai sobre as águas da lagoa, há um santuário de garças brancas que nidificam numa ilha verde, assente em pés de mangue, onde proliferam as ostras e os canais de água doce. Tranquila, como o pôr-do-sol, a Lagoa de Guaraíras surge, imprevista, do lado esquerdo da estrada quando as curvas deixam vislumbrar, por entre as árvores e o casario modesto, um azul intenso que se funde com o céu, como se uma janela se abrisse na paisagem e fosse revelação de um desses instantes sagrados de beleza. 
À chegada, subimos à colina do Marina's Resort de onde se avista a baía em repouso, com os seus 8 km de extensão e 2 de largura, as margens arenosas, algumas ilhas verdes e a confluência agitada junto à foz, quando as águas da lagoa se misturam, numa turbulência cinzenta, com as ondas do mar. Nas margens em redor, aqui e ali, pequenas habitações de madeira, erguidas pelos pescadores de ostras que têm, enterrado no lodo negro, os seus viveiros artesanais. 
Na outra margem, uma vastidão de dunas silenciosas estende-se até ao mar, imperturbável com a agitação diária dos buggies que vêm de norte, pela beira mar, dos lados do Natal. 
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Entramos numa dessas pirogas de madeira que se fazem pelo meio da lagoa. O guia, um pescador de ostras, fez a promessa de nos levar aos viveiros, ao santuário das garças e, talvez com sorte, ter por companheiros de viagem uma família de golfinhos que costuma dar as boas vindas com exibições efusivas nas zonas mais profundas da lagoa. Com um sol abrasador e uma chuvada tropical avançamos, lentamente, por entre o silêncio de ilhéus de mangue, onde proliferam diversos tipos de aves pesqueiras, grandes crustáceos e uma infinidade de pequenos seres que encontram neste local o habitat perfeito para se fixarem. Em perfeita sintonia com a natureza virgem, e tendo apenas como som de fundo o bater dos remos na água, navegamos pela tarde dentro, por entre canais de mangue, alguma vegetação densa, uma ocasional prega do vento e um imenso mar de águas tranquilas onde a beleza sussurrava em voz baixa que nos deixássemos ficar.
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